O Big Brother Brasil, ou simplesmente BBB, é o maior reality show brasileiro, e está no ar desde 2002. O programa consiste em confinar um grupo de pessoas em uma casa, sem acesso ao mundo exterior, onde elas convivem juntas e são submetidas a provas e desafios semanais, com o objetivo de ganhar o prêmio final.
O programa tem um grande apelo popular e gera muita discussão e polêmica em torno das personalidades e atitudes dos participantes.
Neste artigo, vamos analisar o BBB sob a perspectiva das representações arquetípicas, buscando identificar os padrões de comportamento e personalidade que surgem entre os participantes e que podem ser relacionados a arquétipos universais presentes na psique humana.
Para entender melhor o que são arquétipos e representações arquetípicas, é importante recorrer à psicologia analítica de Carl Jung. Segundo Jung, os arquétipos são padrões universais de comportamento, imagem e símbolo que se repetem ao longo da história e da cultura humana, e que são influenciados pelo inconsciente coletivo. As representações arquetípicas são as formas como esses arquétipos se manifestam em indivíduos ou grupos.
Dessa forma, podemos encontrar em qualquer situação ou contexto padrões de comportamento que se repetem e que podem ser associados a arquétipos.
No BBB, essa análise é particularmente interessante, já que os participantes são submetidos a uma situação extrema de convivência e competição, que pode revelar de forma intensa seus aspectos psicológicos e, inclusive, representar arquétipos que fogem do seu “padrão de personalidade”.
Ao longo das edições do BBB, podemos identificar diversos arquétipos e representações arquetípicas entre os participantes. Por exemplo, temos o arquétipo do herói, representado por aquele participante que se destaca nas provas e desafios e que é visto como forte, corajoso e determinado. Também podemos identificar o arquétipo da sombra, que se manifesta nos participantes que têm atitudes negativas, agressivas e destrutivas, e que podem gerar conflitos e tensões na casa.
Além desses arquétipos, podemos encontrar o arquétipo da mãe, representado por participantes que têm um papel de cuidado e proteção em relação aos demais, ou o arquétipo do rebelde, que se manifesta em participantes que questionam as regras e as estruturas do programa. Todos esses arquétipos podem ser observados no BBB e podem ajudar a entender as dinâmicas de grupo e as relações entre os participantes (além de entender os arquétipos e representações arquetípicas em si).
Para ilustrar melhor essas ideias, decidi apresentar alguns exemplos de participantes e seus arquétipos ao longo das edições do BBB:
Ana Paula (BBB16)
A participante ficou conhecida por algumas atitudes polêmicas dentro da casa, que geraram conflitos e tensões. Sua postura pode ser associada ao arquétipo da sombra, que representa os aspectos negativos e reprimidos da personalidade. Outras representações arquetípicas que fazem sentido com a participação de Ana Paula, são o da governante e da destruidora.
Juliette (BBB21)
Se destacou por sua simpatia, carisma e espontaneidade, conquistando o público com seu jeito autêntico e cativante. Ela também teve uma jornada de superação dentro do programa, tendo sido inicialmente isolada pelos demais participantes, mas depois conseguindo se aproximar deles e formar alianças. Seu arquétipo pode ser associado ao da heroína, que representa a figura corajosa e determinada que enfrenta desafios e obstáculos em busca de um objetivo. Além disso, outros arquétipos que podem ser interpretados a partir da jornada da participante são o arquétipo da pessoa comum e do inocente.
Manu Gavassi (BBB20)
Foi uma das favoritas do público desde o início do programa, principalmente por sua personalidade criativa e artística. Ela cantou e fez performances dentro da casa, além de ser conhecida por seu estilo único e sua postura crítica em relação a diversos temas. Seu arquétipo pode ser associado ao da criadora, que representa a figura criativa e inspiradora que expressa sua individualidade e originalidade. Outras representações arquetípicas que podem ser observadas na jornada da participante são o do trickster, do fora-da-lei e o arquétipo do mago.
Karol Conká (BBB21)
Foi uma das participantes mais polêmicas da história do programa, sendo criticada pelo público e pela mídia por suas atitudes dentro da casa. Ela acabou sendo eliminada com uma rejeição recorde de mais de 99% dos votos. As atitudes tomadas pela participante dentro da casa nos levam a uma interpretação do arquétipo da sombra, que representa os aspectos reprimidos e negativos da personalidade, que podem emergir de forma destrutiva quando não são reconhecidos e integrados de forma saudável. Outras representações arquetípicas da participante foram da governante e da górgona.
Note que nem todos os arquétipos utilizados para análise são os tão conhecidos arquétipos de Jung, mas também de outros estudiosos como Victoria Schmidt ou os antropólogos que introduziram o termo "trickster".
É importante ressaltar que essas associações são apenas análises feitas com base nos materiais de estudo sobre arquétipos e representações arquetípicas, e que cada participante pode representar múltiplos arquétipos em sua jornada dentro do programa, dependendo de suas escolhas e atitudes. Além disso, é preciso lembrar que o BBB é um programa de entretenimento e que essas análises não definem nada sobre os participantes em suas vidas fora do programa.
